estou descalça, qual Lótus... esqueci-me que posso ficar noutra posição e que a minha estabilidade não depende única e simplesmente desta forma de equilíbrio... tenho sono, mudo de lugar, aproximo-me da janela, dou de frente com uma lua que não está cheia nem vai a meio... a felicidade da luz fere-me os sentidos, faz-me lembrar o quão perfeitas podem ser as imagens incompletas... encosto-me ao vidro para te ouvir o coração, e tudo o que ouço é frio... apetece-me escrever... fecho o olhos, tento chamar as letras á pele, liberta-las contra a parede, senti-las soltas sem direcção... inspiro... encontro-as... sorrio por já conseguir escrever de olhos fechados à velocidade do som, sem motivo... de que material serão feitas estas palavras, que aguentam com o peso dos meus dedos nestes dias de Lua... não sei... não me interessa saber... o importante é que elas voem, não como passaros, mas como textos, embatucados de palavras cheias de letras.
(texto alterado por razões hormonais!)